sexta-feira, 13 de novembro de 2009

CO2

Respirar este ar outra vez. Pesado.
Não devia ser assim pois não?

Apetece-me enfiar-me na cama, bem lá no fundo, debaixo de todos os lençóis e cobertores, fugir do mínimo raio de luz.. Mas eu não sou assim. E vou sair, abrir a persiana, deixar o sol entrar - ainda que seja pouco - , vou abrir a janela e cheirar a terra molhada. Vou correr lá para fora, ainda de pijama e pantufas, com o cabelo despenteado e olhos de sono. Vou correr e parar de repente, apenas porque sim. E apreciar isso. Apreciar o facto de não ter ninguém a olhar para mim e puder girar à minha volta, dançar com o meu príncipe encantado invisível, passar por cimas das poças de água com um sorriso de criança ingenuamente feliz, porque aqui na rua estou bem. Mas sei que não vai ser assim durante muito tempo, porque tu vais voltar, e eu vou respirar este ar outra vez. Pesado.

Não devia ser assim pois não?
E os planos que fiz ontem, não servirão de nada nem hoje nem amanhã.

Mas eu até gosto do imprivisível.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Volta inspiração !

domingo, 4 de outubro de 2009

És como esta queimadura no braço. Doeu na altura, sofri, sim. A marca ficou, mas daqui a um tempo, não me vou nem lembrar que ela existiu.

Não vou perder tempo contigo, hoje não.

sábado, 29 de agosto de 2009

Desafio do selo

A doce P’ passou-me o selo das fadinhas, e dos gnomozinhos e dos duendes, dos sonhos, do chocolate, da escrita, dos sentimentos e de tudo o que eu acredito que é mágico . Um selo bem completo ! :D


Uma música mágica: hum, difícil. As músicas para mim ganham sempre um significado especial porque as associo a momentos e pessoas diferentes e especiais, o que torna complicado de escolher, por isso, opto por escolher uma música que, por ser de um amigo que eu gosto bastante, e pela palavra de força e coragem que a música passa:
If I tried – Pedro Maça

Filme mágico: Bolas, não queria plagiar a P’, mas também eu sou fã da Disney ( muito fã :X ) e o Rei Leão é dos meus eleitos, por isso escolho Mulan. Aquela força de mulher.

Uma viagem mágica: ( As dos sonhos contam ? ) Vou ser batoteira e vou dizer duas :$ Porto e Lisboa, à descoberta, com os amigos. Não esqueço (:

Maquilhagem mágica: Gloss, rímel, e já chega. :P


Ora bem, passo testemunho a:
[ Brilha Como Nunca ] ; mary ♥ ; Cátia Vieira ; words under the subconscious. e Pensamento Infinito... *

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Um passo em frente, dois passos atrás. Vamos brincar ?


Não, já chega. Por favor pára. Não quero brincar mais a isto contigo. Eu sei que te magoaram, mas não fui eu. Esse teu medo afasta-nos de uma maneira estúpida. Nos últimos tempos temos sido o rato e o gato, gato e cão, tudo, menos quem nós somos mesmo. Ora nos aproximamos, ora não nos conhecemos. Chegaste-te a mim, sem avisar, e afastas-te com essa mesma atitude, com a mesma velocidade, antes que me consiga aperceber. É tudo tão de extremos. E o que vem depois disso, chega até mim vazio. Sem sabor, sem cheiro, sem sentido. Decidi-te. Por favor.

Não, não decidas. E se decidires ir embora? Não, não vás. Não iria suportar, não tu. És demasiado, no fundo, sempre foste. Brinca mais um bocadinho. Só mais esta noite ! E amanhã. Eu aguento, pode ser?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Bolo de Chocolate

- Imagino, deve parecer pedra. xD

- Tu és tão exagerado -.- Não está assim tão mau (…) Aposto que amanhã quando acordar esfomeada vai parecer delicioso! “A vida é como os meus bolos de chocolate, a vida é um bolo de chocolate. Apesar de sempre iguais, têm um sabor diferente em momentos distintos.”

- Lol?

- Chéu. Saiu-me profundo.

Nota: Eu sei que os bolos de chocolate não são todos iguais, principalmente se decidirmos inventar e não seguir a receita que a vóvó nos ensinou à risca ( erro meu :$ ) , mas não me lembrei de mais nada no momento .

domingo, 23 de agosto de 2009

( Meu ) Amor de Verão

Agrh . Abro vezes sem conta a janela do msn. Vou ao primeiro grupo, onde estão as pessoas mais importantes da minha vida. Procuro-te. Lá estás tu: online. Finges estar ocupado, mas eu, que te conheço, sei o que estás a fazer, e sorrio a essa tua doce inocência e jeito de criança. Vejo as músicas a mudarem, sempre o mesmo estilo, sempre o mesmo som, sempre o mesmo ritmo tão característico de ti, mas que à primeira vista (à segunda, terceira e quarta, talvez, até) ninguém nota, ninguém te vê assim. És muito mais do que aparentas, adoro o que está por trás dessa tua máscara de cartão, feita à pressa para um dia de carnaval, quando ainda eras criança, e que, por todas essas coisas que enfrentaste e tens enfrentado, guardaste e só a tiras, por escassos segundos, em escassos momentos de encontros fugidios e sms’s trocadas onde juramos um ao outro que só nós nos entendemos e sorrimos docemente numa cumplicidade que nos envolve a nós e a mais ninguém. Quem nos vir juntos, pensa em extremos: ou nos amamos, ou nos odiamos. Às vezes tenho dificuldade em distinguir. É engraçado. Descobri que ainda mexes comigo. O teu cheiro ainda deixa em mim uma saudade, uma vontade de te pedir baixinho para que não vás, para que não me deixes outra vez, para que fiques: só mais um bocadinho. O teu olhar que eu queria tanto perceber, que eu olho sem me cansar, em que eu me perco e te fixo, sem medo, desafiando-te até que os dois quebramos o momento a rir às gargalhas numa piada silenciosa onde eu mais uma vez te insultei, tu retribuíste e eu tentei responder. Chamem-nos infantis. Chamem-nos adultos. Tu e eu somos o que somos, e encontramos um no outro o que não encontramos nos outros. “ Percebes, não percebes?” “ Não, não percebo.” Ying e Yang. Espreito a janela, continuas lá. Percebi que vais estar sempre. Tive a certeza quando nos despedimos e me beijaste. Tão bom. Quis prolongar aquilo por tempo indefinido mas foste-te embora. Mandaste-me uma sms a explicar o porquê e pediste desculpa. O que eu queria era ter ido ter contigo, mas contive-me: tens muito tempo Sofia, pensei. O tempo passou e não te vi mais. Por um lado não estou arrependida, fiz o que na altura estava correcto, mas quero voltar para as noites à beira mar, quero molhar os pés e olhar para ti, quero encher-te de areia e dizer o quanto te adoro e és importante para mim, em desabafos disfarçados de provocações, quero passear contigo outra vez, quero sentir aquela adrenalina, chamar-te louco e irresponsável e provocar-te com ameaças suicidas em plena madrugada sabendo que nada me tiraria dali, do teu lado .


“Ele é estranho, sabes disso não sabes?”

“ Sim, sei. – respondi – mas mais do que isso, é fascinante querer sempre saber mais, entrar aos poucos no mundo dele, apesar de nos conhecermos há anos.”

“ Tu és doida, completamente doida”

“ Ahahahah, eu sei.”



Mary - Apitidão para problemas ? xD


Sofia - completamente -.- Irrita-me. mas gosto dele assim, quanto mais afasta , mais vontade dá de descobrir porquê, e contrariar isso.. e desculpá-lo por provavelmente ser isto ou aquilo " coitado" . :Z Mas conscientemente sabes que não é. É porque é um estúpido, arrogante, mimado e infantil. Mas não o queres ver assim, oh não.. Preferes encará-lo como um ser humano apenas complexo, mais especial que os outros . Vai se a ver e no fim é igual a toda a gente , e descobrimos que a meio, ou até mesmo no principio já sabíamos isso, mas é assim mesmo. Uma roda que me deixa tonta e a gostar deste enjoo.

Pergunta:



Porque é que eu gosto deles estranhos, instáveis e complicados ?



terça-feira, 28 de julho de 2009


“ O amor não é instantâneo. Vai-se insinuando sub-repticiamente e depois vira por completo a nossa vida do avesso. Enche de cor o nosso despertar e invade os nossos sonhos. Caminhamos nas nuvens e vemos as coisas sob uma luz mais resplandecente. Mas também traz consigo uma doce agonia e uma deliciosa tortura.”


Vikas Swarup, “Quem quer ser bilionário?”

terça-feira, 21 de julho de 2009


Chega. Basta. Acabou.

Não mais me vais dominar com esse olhar. Não mais me vais utilizar quando bem te quer e apetece, quando te dá mais jeito. Nas tuas horas vagas (minhas perdidas). Não me vais mudar com conversas fiadas e promessas que não existem. Acabou, ainda não percebeste? A boneca com quem brincaste é feita de carne, sangue, lágrimas. Vives num mundo de plástico, adaptas tudo à tua pessoa, moldas as coisas à tua maneira, vês apenas o que te convém. Debates-te contigo próprio, dilemas fúteis, miúdo mimado! Um sorriso não vai chegar, não agora, já não. O teu toque já não me afecta (vai doer, mas vai ser assim). As tuas memórias não vão ser apagadas, mas a tua pasta foi enfiada bem lá no fundo das minhas prioridades. A miúda tola sempre presente, independentemente de tudo, desapareceu. Agrh! Nem sequer vou perder mais tempo aqui a falar de ti. Não me quebraste o coração, não. Mas feriste-o, rasgaste-o quando te apoderaste dele com força e de repente o largaste. Ele caiu no chão, completamente desprotegido, lembraste? Ficou lá, e nem olhaste para trás... Agora quem segue em frente, sou eu.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Sonho de uma Vida - continuação

Queria acreditar que ele ainda estava ali com ela e então, fechava os olhos e, sentada, apoiava a cabeça dos joelhos, abraçando-os com força como quando imaginava fazer viagens no tempo. De facto, era tudo aquilo que ela queria, poder voltar atrás e reviver tudo aquilo outra vez. Poder crescer mais uma vez, poder perguntar e responder a tudo aquilo que não foi dito. Porque é que a única pessoa que mais merecia a eternidade tinha partido assim? É certo que já tinha a sua idade, mas foi tudo rápido e cedo demais. Ainda lhe faltava tanto para ver, tanto para compensar tudo aquilo que ele lhe tinha ensinado…
Desde a sua morte que não conseguia sorrir verdadeiramente, não se sentia bem em fazê-lo, ao mesmo tempo revoltava-se por achar que a culpa era do seu avô, por lhe ter ensinado a ver as coisas de uma perspectiva que ele achava demasiado sonhadora, demasiado proteccionista, demasiado irreal. E agora? Agora estava assim, completamente desamparada. Por isso tinha decidido que recusaria tudo aquilo que se ligasse ao sentir. A vida seria muito mais fácil sem sentimentos, não? Poder passear na rua, observar as coisas e não sentir nada sobre isso. Olhar, apenas. Não criar relações. Enfim, simplificar. Na realidade, para Sofia, era assim que todos tinham aprendido a viver: na indiferença. Indiferença face aos problemas dos outros e classificação de atitudes desacertadas, que vão ao desencontro de direitos que deveriam estar garantidos e que mesmo assim, são consideradas “ normais”.
Outrora o que parecia óbvio surgia agora confuso e impreciso e nem mesmo aquele local conseguia curar isso, pelo menos não até agora. Quando levantou a cabeça algo lhe chamou a atenção e não foi nem a velha mendiga, nem os idosos reformados, não foram as crianças, nem tão pouco um qualquer casal de namorados que por ali passava. O que lhe chamou a atenção foi um rapaz que tal como ela estava sozinho, sentado também ele no chão, brincando com a relva e observando a paisagem que, delicadamente reproduzia no bloco de folhas que apoiava sobre as pernas traçadas. O seu olhar era o oposto do olhar de Sofia: era contemplador, sonhador, feliz, calmo e leve. Devia ser aproximadamente da sua idade. De repente Sofia parou. O que é que estava a fazer? Ela queria afastar-se de tudo o que a pudesse magoar, de tudo o que a pudesse marcar e por isso, levantou-se bruscamente e em passo acelerado saiu daquele lugar sem sequer olhar para trás. Quando chegou a casa encontrou uma série de outras preocupações e acabou por esquecer o assunto mas, quando a noite trouxe o silêncio e o sossego e quietude imperou na sua casa voltou a recordar-se daquele “encontro”. O olhar que tinha visto inquietava-a. Era o olhar inocente de uma criança, de quem não conhece ou não vê o mundo, de quem não tem consciência da maldade, da pobreza, da corrupção, da fome, da doença, da solidão, da falta de assistência, da injustiça, e de todos esses males presentes na sociedade e que fazem, quer queiramos quer não, directa ou indirectamente, parte de nós. Como é que ele o conseguia manter? Fazia-lhe recordar o seu avô. Ele sim, lhe repetia constantemente para que ela experimentasse, sentisse com todas as suas forças, tudo o que existe para sentir, todas as sensações, todos os presentes possíveis de encontrar. E assim, embalada nesse pensamento acabou por adormecer e pela primeira vez, ao contrário do que já se habituara a prever, não teve qualquer pesadelo, mas um sonho, um pouco sem sentido, mas mesmo assim um sonho.
[ continua ]

terça-feira, 31 de março de 2009

O Sonho de uma Vida

Bom, ando a escrever uma espécie de história que vou colocar aqui, aos poucos. Sinceramente não lhe dediquei o tempo e a atenção que queria, mas tendo em conta que é a primeira vou dar um desconto a mim própria e espero que façam o mesmo...






Mais uma vez estava naquele local. Aquele velho jardim trazia-lhe tantas memórias… Era um jardim comum, igual a tantos outros. Bom, pelo menos era assim que era visto pela maioria das pessoas da cidade, que passavam sem olhar, sem parar, sem desfrutar. Mas para ela era muito mais do que isso. Gostava de passar ali todo o tempo livre que tinha, num mundo que lhe era tão especial, tão seu.
Os velhos bancos de madeira encontravam-se já gastos, sem tinta, alguns até mesmo partidos, mas não deixavam por isso de aconchegar os velhos reformados que gostavam de se ali passar o dia, vendo as pessoas que passavam na rua: o carteiro que distribuía boas e más notícias; os jovens enérgicos e activos que ora lhes provocavam inveja e saudade daquela vigorosa idade remetendo-os para memórias do passado e fazendo-os garantir a quem lhes fazia companhia que haviam sido dos rapazes mais fortes e aventureiros do seu tempo (outras vezes falando sozinhos, para quem os quisesse e não quisesse ouvir) ora eram alvos dos seus comentários estarrecidos, baseados em educações demasiado conservadoras face a uma sociedade demasiado liberal; as crianças que carregadas de sonhos e alegria corriam para o parque adjacente, onde sem quaisquer preconceitos, saltavam livremente. Aconchegavam amigos, confissões, desejos, presenciavam simples trocas de lanches, assistiam aos tímidos primeiros beijos e até juras de amor eterno, quase tão loucas como aquela velha mendiga ao fundo do jardim, com um olhar triste e penetrante.
Mas Sofia não era uma das que procuravam aconchego, pelo menos não naqueles bancos. Optava por ficar sentada no chão sujo, junto a um lago espantosamente límpido, que em tudo contrastava com o ambiente em que se inseria. Era totalmente diferente de tudo o que o rodeava e por isso a fascinava tanto. Tinha sido aqui que tinha crescido: em pequena tinha por rotina ir com a companhia do seu avô brincar e passear naquele jardim, que ficava a cerca de 10 minutos de sua casa. O caminho era todo feito a pé e, de mão dada com ele, ia entusiasmada pelo caminho a fazer perguntas sobre estes e outros mundos ouvindo de forma atenta e fascinada cada explicação fornecida. Às vezes perdia-se a olhar para os óculos dele, que costumava colocar quando, dizia ela, “queria falar de coisas sérias”, colocando um ar de quem muito sabia e apoiando as mãos na cintura, numa postura muito segura de si.
Lembra-se como se fosse ontem de todas as histórias de heróis que repetidamente lhe pedia para contar, de todas as histórias de reis e rainhas, das conquistas, de seres de outras eras, de mundos fantásticos e até da mais insignificante flor. Lembra-se como se fosse ontem dos valores e princípios que lhe procurava transmitir, com pensamentos grandes, através de palavras pequenas e simples. Lembra-se como se fosse ontem do cheiro a cachimbo do seu casaco onde tantas vezes se enroscava ternamente. Lembra-se como se fosse ontem da protecção que tanta vez prometeu dar-lhe sempre que precisasse. Lembra-se como se fosse ontem de todos os segredos, receios e sonhos que só a ele lhe segredava. Lembra-se como se fosse ontem de ele estar ali, com ela. Mas não foi. E toda a segurança que tinha ficou perdida no passado. Já tinham passado quatro meses e a dor agudizava cada vez mais. A saudade e o nó na garganta eram cada vez mais fortes. A única pessoa que alguma vez a havia compreendido e estado sempre presente, a única que lhe dava atenção, conforto, carinho, afecto, força e apoio tinha partido para sempre e desde então que não conseguia verter uma única lágrima. Estava apática em relação a tudo, em relação a todos.


[ Continua ... ]

sexta-feira, 20 de março de 2009

Amar


"Que pode uma criatura senão,
entre criaturas amar?
amar e esquecer,

amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amar sem contra
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa,
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. "


Carlos de Andrade

terça-feira, 3 de março de 2009

Aqui, fisicamente

Hoje preciso de ti. Um pouco. Muito. Tanto.
Preciso que olhes para mim, que repares realmente em mim. Preciso que não me procures só para chamar a atenção de uma coisa ou de outra, ou por me ralhar porque mais uma vez não fiz tudo bem. Nem acho que alguma vez o fiz. Quer dizer, pelo menos nunca recebi esse teu orgulho, mais: nunca recebi essa tua atenção. Era por isto que não queria crescer, lembras-te? Era muito mais fácil quando, na ilusão, te via a meu lado, a perceberes-me, a interpretares o meu olhar, o meu sorriso, a reparares quando algo não está bem, a perguntares-me o que se passa, a fazeres parte de mim. Queria sentir o teu abraço, a tua protecção.

Estamos todos os dias juntos, mas fisicamente. Mente. Mente, mente, pois mentir é o que faço constantemente. Tento convencer-me a mim própria que a tua ausência é apenas impressão minha, finjo ser mil e uma coisas, interpreto várias personagens, mas nenhuma parece encaixar no teu conceito de final feliz.
Queria que não desvalorizasses o que sinto. Sim, eu sei, eu sinto bastante. Sinto ali, aqui e acolá. Sinto várias vezes ao dia, coisas distintas e em relação a diferentes pessoas. Às vezes sinto muita coisa ao mesmo tempo, mas lá no fundo, gosto disso. Mexe comigo, faz-me sentir viva. Mas tu? Tu não sentes, não demonstras sentir. Recusas-te.
Peço-te um beijo, negas-me. Já o fizeste uma, duas, três vezes… Peço-te para me dizeres que gostas de mim e tu respondes que não vale a pena. Mas vale! Vale um pouco. Vale muito. Vale tanto.

Quando olho para trás e recordo o que mudou, pego em velhas memórias, em velhas fotografias e objectos que fazem parte de nós e que comparadas com o presente (infelizmente) mudaram completamente. Escolho uma fotografia. Esta imagem guarda sentimentos, estão ali, vêm-se no meu olhar. No teu já não sei. Antes pensava que sabia. Observo-a uma vez mais e empurro-a bruscamente contra o peito. As lágrimas caem, quanto mais penso, mas dói, quanto mais tento esquecer, mais acentuas a dicotomia com o passado, mais te afastas… Tudo custa mais, tudo arde mais. Arde, não cura, mas faz-me bem. Precisava mesmo de chorar, de ser fraca mais uma vez, porque é assim que sou. Fraca em relação a ti.

Um pouco. Muito. Tanto.


Escrito a: 3 de Março de 2009

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Aqui, tão longe


Sinto orgulho quando olho para ti.
Respiro mais depressa e o coração bate mais forte quando estou contigo.
Compreendes-me, preocupas-te e eu retribuo-te assim: amando de longe, aqui tão perto.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dor de Garganta


12 de Fevereiro de 2009


A folha está branca e o cursor não pára de piscar. Acredita que o que eu mais queria era manchá-la, manchá-la de cores e palavras, de sentimentos e descrições, mas não saí nada. Quase nada. Aquilo que saí é demasiado vago, demasiado sem jeito para transcrever para aqui.
Na minha mente surgem palavras e imagens soltas, pedaços da minha memória que teimam em aparecer quando lhes apetece e dos quais é difícil separar-me. É difícil e digo aqui, em segredo, que não quero. Quero sim recordar aquilo que já foste em mim, aquilo que já fui em ti, aquilo que já fomos um no outro. Com altos e baixos forma-mos um nós, forma-mos um sorriso, uma cumplicidade, quiçá uma lágrima, uma despedida, um até já, um abraço, uma força, um carinho, um olhar, uma compreensão, uma amizade. Porquê há simplesmente momentos que não se esquecem, envio-te esta pequena, mais do que carta, nota. Uma nota que é para estar sempre presente, em ti, em mim, em nós. É o que quero, é por isso que luto, é por isso que te sorrio, é por isso que te abraço, é por isso que sinto a lágrima a cair e aquele nó na garganta a apertar. É por isso sim, por essa coisa chamada Saudade, chamada Amizade, chamada Amor.

Para sempre tua.

sábado, 24 de janeiro de 2009


A culpa é dos óculos de sol.
Sim, dos óculos de sol. Aqueles que fazem os dias mais escuros, e que escondem um pouco mais o Sol. A culpa é deles. Se há dias cinzentos e tristes é porque os temos, se nada parece correr bem - quando afinal o dia está lindo, enquanto os sorrisos estão à espera de ser despertados – a culpa é toda deles. E o pior? O pior é que nos esquecemos deles, estamos tão habituados a usá-los que já nem damos pela sua presença e por maior que o Verão seja, insisti-mos em usá-los o ano todo, insistimos em “proteger-nos” de maneiras bizarras, tornando as coisas externas piores, para que nos consideremos melhores, ou não (que nestas coisas nunca se têm a certeza de nada). Estamos tão habituados que já vemos os dias assim, mesmo quando o sol insiste em brilhar forte, nós insistimos em ver o dia negro, tão negro que quase parece noite.

Preocupamo-nos com coisas que simplesmente não tem importância, ou a que têm é demasiado insignificante e não merecedora do nosso tempo, energia, do nosso pensamento, das nossas acções e das nossas relações. Preocupamo-nos com tudo e mais alguma coisa em vez de nos preocuparmos com a única coisa que devíamos de preocupar. O sol. O Sol, sou eu, és tu, é ele, é ela, são todos aqueles que nos rodeiam e que realmente se preocupam connosco. São todos aqueles que lutam, e que gritam tão alto, tão alto - que por vezes, quanto mais alto nos pedem, menos parecemos ouvir - para que tiremos esta falsa protecção.
Esta é a falsa protecção que nos põe assim, carrancudos com o mundo e pior, carrancudos com nós próprios.
Falar é fácil, escrever também, mas tirar os óculos? Chamem o Tom Cruise pois entramos na missão impossível. Até somos capazes de admitir que não temos razão, mas o problema é que admitimos para nós próprios. Por isso, um passo de cada vez, dá próxima vez que sentires que os tens postos, justifica-te na maior das calmas, afinal, a culpa é deles.

Escrito em:
23 de Janeiro de 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pára, escuta e olha .

Este texto vem tarde e más horas, acabei-o à pressa, e já tinha prometido pô-lo aqui.
E pronto, mais um novo Ano Novo chegou, e com ele as passas – coisa em que eu não consigo tocar – o champanhe, e claro está, os tão já conhecidos desejos desse novo ano que chega. Os pedidos são sempre os mesmos: mais saúde, mais dinheiro, paz, felicidade e até mais emprego. Este ano, não pedi nada. Sim, inconscientemente não pedi nada. Quando me apercebi a meia-noite já lá ia. Preferi não imaginar o futuro, preferi não me enganar a mim própria com promessas que nunca chegam a ser cumpridas, e acho que tomei a atitude correcta. Fiz algo que não costumo fazer com muita frequência.
Vivi o momento. Senti a areia a entrar nas sapatilhas, ouvi dentro de mim cada segundo a passar, senti o calor de quem me abraçava, vi o sorriso e o olhar daqueles que me rodeavam. Algumas das pessoas mais importantes da minha vida estavam ali, para que desejar mais? E então sorri, sorri da forma mais sincera que podia. Sorri e senti cada músculo. Mais, sorri e senti cada razão para sorrir, cada magia (sim, porque ainda acredito em magia) que entrava dentro de mim. Senti um arrepio que mais do que do frio, era uma chamada, uma espécie de “ Acorda Sofia!”. Acordar para que? Estava mais que acordada, estava ali, e era tempo de parar de pensar, era tempo de saborear cada segundo, cada abraço, cada sorriso, cada olhar daqueles pedaços de tanto de mim que ali estavam. Amigos, em todo o sentido da palavra. Sem eles não seria possível estar assim, com eles, tudo isso era possível, tudo mesmo, e mais um bocadinho.
Traçamos o nosso futuro através do presente não é? Então eu queria, quero e vou lutar para construir o meu mundo assim. Ignorar, ser vencida ou lamentar os problemas? Não, vou pegar nas pedras que me atiram e com isso construir a mais poderosa das muralhas, pois foi naquele momento que percebi que tinha escudos poderosos.
E tudo o que aqui digo é para eles, para os que me fazem sorrir e chorar, para os que me ajudam a crescer, para os que me ouvem, para os que me compreendem (ou esforçam por compreender), para os que se preocupam comigo, para os que me abraçam, para os que me protegem, para os que me ralham, para os que me elogiam, para os que têm tempo para mim, para os que são tudo aquilo que quero ter. E esses, nem vale a pena nomear.
Ah, já agora, obrigada.